segunda-feira, 24 de março de 2008

Amantes da Praia


A diante na costa oeste, o sol era intenso e o mar brilhava mostrando a solenidade de uma tarde de verão.
Lá longe tudo parecia pacífico, mas as lembranças começaram a vir na forma da voz de sua mãe, ecoando em sua mente...
"Não vê que poderia ser o que quiser? Não vê que poderia fazer o que quisesse? Mas você não quer, nunca será boa o bastante!"
Conhecia o mar como a palma de suas mãos, conhecia os limites a serem respeitados...
Ir longe, longe... Tudo que precisava fazer era nadar o mais longe possível,até atingir a total exaustão, ir até onde o mar decidiria pra onde a levaria.
Sua mãe fora uma professora rigída e ela havia sido uma aluna rebelde. Mesmo agora não conseguia mudar seus pensamentos sobre a mãe ao contrário... a morte da mãe só fez queimar ainda mais as chamas do desespero. Nunca resolveram as diferenças entre si, sempre ficava algo a ser terminado.
Ainda sentia tão agudamente os resíduos de rancor, de tristeza quando pensava nos pais... a falta de compreensão de sua mãe e a partida precoce do pai.

Afastando os maus pensamentos da mente entrou no mar, mais e mais ia se distanciando da praia, logo a frente viu um barco que oscilava sobre as ondas... seus músculos começaram a ter cãibras que lhe diziam que era hora de voltar.
De repente ouve uma voz masculina...
"Hey você, está com problemas?"
Finalmente desistindo do que havia feito, recuou.
"Me ajude."
Ela leu o que estava escrito na amurada do barco: Albatroz.
Sarasota, Flórida.
Então viu aquele homem pulando do barco para salva-la, depois do que pareceu ser uma eternidade ele a alcançou. Ele a agarrou e a levou até o barco.
Olhou de perto o rosto de seu salvador... Barba por fazer, cabelos escuros e necessitados de um corte, pele muito bronzeada, ombros largos e que provavelmente morava num barco velho... um vagabundo de praia.
Imóvel nos braços dele, sentindo um imenso alívio no peito ouviu a voz dele mais uma vez dizendo:
"Está tudo bem? Qual seu nome?"
Colocou o dedo na boca dele de forma que o impedia de dizer mais alguma coisa, então respondeu:
"Sem nomes."


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